O futuro dos transportes está em discussão nos principais centros urbanos ao redor do mundo. Cada vez mais, meios alternativos de locomoção ganham destaque nas vias públicas e tornam a rotina de muita gente mais ágil e fácil, principalmente quando falamos em first e last-mile. Embora esses novos meios de transporte como bicicletas e patinetes elétricas, apareçam como possíveis soluções para a mobilidade urbana, ainda há muito que se fazer para as cidades de fato suportem essa novidade.
Na South by Southwest (SXSW) 2019, a Estapar acompanhou o painel “A nova parceria de mobilidade urbana”, que discutiu como os setores públicos e privados podem pensar em conjunto nos meios de locomoção das cidades. Segundo a moderadora e membro do Departamento de Transporte dos Estados Unidos, Ariel Gold, a mobilidade urbana foi um tema bastante debatido nesta edição do SXSW. “No ano passado, essas parcerias permitiram que o setor privado ganhasse mais espaço para desenvolver mobilidade. A ideia é discutir como a parceria público-privado sobre esse tema pode significar para o futuro do transporte”.
Um exemplo dessa cooperação foi a rápida difusão das patinetes elétricas da norte-americana Bird para 100 cidades em apenas um ano. A startup, inicialmente presente na Califórnia, apresentou às grandes metrópoles como o transporte compartilhado poderia reduzir o congestionamento das vias. Hoje, diversas outras marcas do segmento já estão na concorrência aquecendo e movimentando o mercado com milhões de dólares. Até o ano passado, Austin, cidade-sede do SXSW, não tinha nenhum modelo de patinete. A edição deste ano, no entanto, já contou com mais de 10 marcas de micromobilidade para facilitar o transporte durante o evento.
Educação e segurança
As cidades foram construídas para abrigar carros e demais meios de transporte público. Quando se pensa em micromobilidade, patinetes e bicicletas devem compartilhar as vias sem que a livre circulação desses veículos seja afetada. Nas calçadas, eles também disputam espaço com os pedestres. A segurança, portanto, é um dos principais desafios para essas empresas.
Em relação ao assunto, a Bird explica que as patinetes oferecem a mesma segurança que uma bicicleta elétrica, mas as pessoas ainda precisam conhecer mais o “veículo”. Estudos mostram que apenas 20% dos usuários de patinetes são mulheres. O fator segurança e cautela foram destacados como principais motivos para explicar essa baixa adesão do público feminino.
Como alternativa, as marcas buscam trabalhar em parceria com os governos para desenvolver métodos educativos que promovam o bom uso dos equipamentos. Já existem organizações que estão empenhadas em adaptar as cidades para esse novo segmento. O “Street for All”, por exemplo, é uma entidade que reúne diversas empresas de micromobilidade para formar um grupo de análise de dados e estruturar bases para tomada de decisões.
Como as patinetes da Bird se espalharam rapidamente em Santa Monica, a startup ao lado do governo está montando espaços, nas ruas e nas calçadas, específicos para o estacionamento desses “veículos”. Além de melhorar a circulação, a empresa acredita que esta é uma forma de reduzir os abandonos de bicicletas e patinetes, como aconteceu na China.
Por enquanto, todas as marcas do segmento oferecem praticamente a mesma experiência, através de produtos muito similares. A partir deste ano, entretanto, o cenário pode mudar. Com a concorrência cada vez maior, haverá uma significativa diferenciação entre elas, o que pode refletir em seu modelo de negócio e até nos preços.